Desço ainda tonto
do sono
em que me havia perdido
nele
o sonho santo
em que me havia esquecido
Teimo em fantasiar
e a minha autoestima rebaixada
fragmentos de minha noite
mal acordada
Cada soneto feito em teu falar
cada anelo do teu cabelo
que teima em se desmanchar
cada sorriso discreto
secreto
desejo de te tocar
Tuas mãos tão firmes
tão não minhas
tão distantes
e tão sozinhas
Teu caminho é meu
descaminho
casto e ateu
do teu olhar
que não olha o meu
Resta-me a queixa
resta-me a deixa
resta-me o tempo ido
o tempo ainda não tido
e o tempo que se perdeu
resta-me o tempo maldito
que meu amor se perdeu.
Fernando Cardoso
Nenhum comentário:
Postar um comentário