Se acaso eu ainda (ou já) não existisse,
teria o mesmo rosto essa paisagem,
a mesma verde luz de meninice
nos olhos de pretérito viagem.
Ver-me seria qual se me não visse:
como se olhasse ausentemente a aragem,
um beijo que nenhuma boca disse,
grão de nada na sombra da folhagem.
São de silêncio e gelo as suas flores,
têm os seus frutos a distância
e as cores
de céu que não chegou a amanhecer.
E eu sofro em mim todos os homens,
quando
ergo a minha alma lívida,
cantando:
Vê-la é belo (e mortal) como viver!
Abgar Renau
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