Dizem que tu és pura como um lírio
E mais fria e insensível que o granito,
E que eu que passo aí por favorito
Vivo louco de dor e de martírio.
Contam que tens um modo altivo e sério
Que és muito desdenhosa e presumida,
E que o maior prazer da tua vida
Seria acompanhar-me ao cemitério
Chamam-te bela imperatriz das fátuas,
A déspota, a fatal, o figurino,
E afirmam que és um molde alabastrino
E não tens coração como as estátuas.
E narram o cruel martirológico
Dos que são teus, ó corpo sem defeito,
E julgam que é monótono o teu peito
Como o bater cadente de um relógio,
Porém eu sei que tu, que como um ópio
Me matas, me desvairas e adormeces,
És tão loira e doirada como as messes
E possuis muito amor ... muito amor próprio.
Cesário Verde
Hoje, ame intensamente e Seja muito feliz.
Felicidades...
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