Procuro sinais de algum amor teu.
Vestígios de noites passadas.
Tu não me vês, estou incógnita a te observar.
Como sempre estive, olhando pelas janelas,
de longe, coração apertado.
Nós poderíamos ser amigos e trocar confidências.
Assistiríamos a filmes, taça de vinho nas mãos,
e tu me detalharias as tuas paixões e desatinos.
Nós poderíamos ser amantes
que bebem champanhe pela manhã
aos beijos num hotel em Paris.
Caminharíamos pela beira do Sena, e eu te olharia atenta,
numa tentativa indisfarçável de gravar
o momento e guardá-lo comigo
até o fim dos meus dias.
Ou poderíamos ser apenas o que somos,
duas pessoas com uma ligação estranha,
sutilezas e asperezas subentendidas,
possibilidades de surpresas boas.
Ou não. Difícil saber.
Bato minhas asas em retirada.
Tu dormes, e nos teus sonhos mais secretos,
não posso entrar.
Embora queira.
À distância, permaneço te contemplando.
E me pergunto se, quem sabe um dia, na hora certa,
nosso encontro pode acontecer inteiro.
Porque tu és o único que habita a minha solidão.
Caio Fernando Abreu
Hoje, ame intensamente e Seja muito feliz.
Felicidades...
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