Compreensões...

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A caricia.



Não aprendi a colher a flor
 sem esfacelar as pétalas.
 Falta-me o dedo menino
 de quem costura desfiladeiros. 
 Criança,
 eu sabia suspender o tempo,
 soterrar abismos e nomear as estrelas. Cresci, perdi pontes, esqueci sortilégios. Careço da habilidade da onda,
 hei-de aprender a carícia da brisa.
 Trémula, a haste me pede o adiar da noite. Em véspera da dádiva,
 a faca me recorda,
 no gume do beijo,
 a aresta do adeus.
 Não,
 não aprenderei nunca a decepar flores. Quem sabe, um dia, eu, em mim,
 colha um jardim?

 Mia Couto

 Hoje, Ame intensamente e Seja muito feliz. 

Felicidades...

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