A cada dia...
A arte da perda é fácil de estudar:
a perda, a tantas coisas,
é latente
que perdê-las nem chega a ser azar.
Perde algo a cada dia.
Deixa estar:
percam-se a chave, o tempo inutilmente.
A arte da perda é fácil de abarcar.
Perde-se mais e melhor.
Nome ou lugar,
destino que talvez
tinhas em mente
para a viagem.
Nem isto é mesmo azar.
Perdi o relógio de mamãe.
E um lar
dos três que tive, o (quase) mais recente.
A arte da perda é fácil de apurar.
Duas cidades lindas.
Mais: um par
de rios,
uns reinos meus, um continente.
Perdi-os, mas não foi um grande azar.
Mesmo perder-te
(a voz jocosa, um ar
que eu amo),
isso tampouco me desmente.
A arte da perda é fácil, apesar
de parecer
(Anota!) um grande azar.
Elizabeth Bishop
Hoje, ame intensamente e Seja muito feliz.
Felicidades...
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