Numa gaveta de imortal costura
Sonhava um morto carretel sem linha.
Nisso, uma fada costureira e alvura
Fê-lo acordar e foi morrer sozinha.
O carretel rodou mundos de panos
Em busca de seus fios de alva memória —
Viu bordados de reis, trapos de enganos,
Enforcados desenhos, nós de história.
Só viu, só desejou; reaver, quem dera!
E esqueceu que voltar ainda era dia.
Enquanto isso era eterno, à sua espera,
Na gaveta um fantasma retecia,
Com derradeira traição fiel,
A orfandade dos fios sem carretel...
Homero Frei
Ame intensamente e Seja Feliz.
Felicidades...
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